Aids: Preconceito e o medo da doença são os principais impasses para a realização do teste e do tratamento da Aids



Com a desmistificação dos grupos de riscos a Aids, já não é mais uma doença característica de determinados grupos sociais e por ser um vírus - Human Imunodeficiency Virus (HIV), que não se manifesta visualmente a sua transmissão se torna quase que imperceptível e sem distinção de sexo, cor, idade e classe social.
Conversando com a enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde, Rosana Segalotto, no município de Campo Novo do Parecis, existe toda uma estrutura de atendimento para a realização dos exames que detectam a infecção pelo vírus. “Todos os Postos de Saúde estão preparados para o encaminhamento dos pacientes para a coleta para a realização do teste chamado Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay -‘Elisa’”, explicou ressaltando que este primeiro exame que é gratuito assim como os demais realizados pela Secretaria de Saúde e é apenas um exame de triagem que é realizado pelo MT- Laboratório. “O material coletado (sangue), é enviado para o laboratório estadual e o resultado do exame retorna para o município num prazo de até 60 dias”, explicou.
Neste exame –Elisa- que ocorre de forma sigilosa, o paciente assim que o seu exame retorna ao município é orientado a levá-lo ao médico ao qual foi solicitado o mesmo para que ele seja analisado e as eventuais dúvidas sanadas. Em caso de negativo, a orientação é que o paciente repita o exame num prazo de seis meses. A enfermeira explica que em alguns testes o resultado pode divergir e acusar o termo “indeterminado”, este resultado não considera que exista a possibilidade de um teste futuro ser positivo ou negativo. “ Quando o resultado acusa indeterminado a orientação é que o paciente repita o exame para confirmar a existência ou não do vírus do HIV”, explicou frisando que o vírus pode se manifestar após seis meses após o contato com os determinantes de risco, no caso os mais conhecidos são sexo de qualquer natureza sem proteção (uso da camisinha), transfusão de sangue emergencial e o uso de drogas principalmente as injetáveis. A transmissão pelo beijo é improvável (estimado em menos de 0,01% de probabilidade), pois o vírus é danificado por 10 substâncias diferentes presentes na saliva. Outra forma de transmissão também pode acontecer durante o parto (mãe para filho).
Caso o resultado for positivo na 1ª amostra do exame o paciente é encaminhado para um novo teste chamado de “Western Bloot”, considerado mais exato, ou seja, confirmatório. A partir deste resultado, todo um acompanhamento psicológico e clínico fará parte do processo de readaptação da pessoa que passará a receber orientações de um Assistente Social, Nutricionista e médica através de um infectologista para de imediato realizar testes de carga viral e iniciar o tratamento com o já conhecido ‘coquetel antiviral’. Todo este processo é realizado através da Vigilância Epidemiológica municipal.

Prevenção e tratamento
A única forma de se evitar a contaminação do HIV continua sendo a prevenção principalmente nas relações sexuais com o uso da camisinha. A enfermeira Rosana Segalotto, frisa que qualquer pessoa que teve alguma relação sexual sem o uso de preservativo deve procurar o Posto de Saúde e através de consulta pedir orientações ao médico para que este o encaminhe para a coleta do material e o encaminhe para os procedimentos anteriormente citados.
Ainda segundo Segalotto, quanto mais cedo for detectada a presença do vírus na pessoa melhores serão as condições de vida. “Com o resultado em mãos o soro positivo terá uma qualidade de vida melhorada e o risco de doenças hospedeiras decorrentes do HIV, podem ser controladas garantindo uma sobre vida maior ao infectado positivo”, explicou Segalotto pontuando que em momentos anteriores ao coquetel a pessoa infectada com Aids era conhecida como doente de Aids, isto porque o seu nível imunológico era considerado instável e qualquer infecção poderia levar a pessoa a morte, explicou ressaltando os motivos para que os infectados busquem tratamento que no município é totalmente gratuito e o mais importante sigiloso.
Como a doença é em caráter viral a cura ainda é um mistério para os cientistas, a única forma da pessoa infectada manter uma vida saudável é com o uso do ‘Coquel anti-retroviral’, que são inibidores do vírus no organismo do soro positivo

Sinais e sintomas
Assim que se adquire o HIV, o sistema imunológico reage na tentativa de eliminar o vírus. Cerca de 15 a 60 dias depois, pode surgir um conjunto de sinais e sintomas semelhantes ao estado gripal, o que é conhecido como síndrome da soroconversão aguda.
A infecção aguda pelo HIV é uma síndrome inespecífica, que não é facilmente percebida devido à sua semelhança com a infecção por outros agentes virais como amononucleose, gripe, até mesmo dengue ou muitas outras infecções virais. Mas os sintomas mais comuns da infecção aguda são: Febre persistente; Cansaço e Fadiga; Erupção cutânea; Perda de peso rápida; Diarréia que dure mais de uma semana; Dores musculares; Dor de cabeça; Tosse seca prolongada; Lesões roxas ou brancas na pele ou na boca. Além disso, muitos desenvolvem linfadenopatia. Faringite, mialgia e muitos outros sintomas também ocorrem.

HIV e Saúde mental
A revelação do diagnóstico de HIV positivo é considerado um evento muito estressante e com impacto em várias áreas da vida do portador, de modo semelhante a outras doenças que ameaçam a vida. A maioria dos portadores reagiu ao diagnóstico como um evento traumatizante, porém conseguiram lidar com a situação sem muitos problemas psicossociais. Os portadores que desenvolveram transtornos psicológicos beneficiaram de psicoterapia de longo prazo, principalmente da terapia interpessoal em conjunto com remédios psiquiátricos. A terapia cognitivo-comportamental também demonstrou ser uma intervenção benéfica e aumentar a adesão ao tratamento.
Mesmo com o desenvolvimento da terapia anti-retroviral altamente eficaz a não-adesão ao tratamento ainda é frequente. É recomendado que os profissionais de saúde trabalhem em equipe, desenvolvendo programas específicos para lidar com essa demanda e dediquem mais tempo e atenção aos pacientes com dificuldade de adesão para evitar o desenvolvimento de Aids e doenças oportunistas nesses pacientes.
Dia 1º de dezembro é “DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A AIDS”, e juntamente com a Vigilância Epidemiológica A Secretaria Municipal de Saúde estará desenvolvendo uma programação específica para alertar e orientar a população.

Texto :Evandro Strieder
Fotos: Ilustrativas